O que é permacultura?

Nos anos 70, os australianos e já subversivos David Holmgren e Bill Mollison (in memorian – 2016) cunharam a palavra Permacultura para referenciar “um sistema evolutivo integrado de espécies vegetais e animais perenes úteis ao homem”, mais tarde, o conceito evoluiu para “um sistema de planejamento para a criação de ambientes humanos sustentáveis”.

Em síntese, a permacultura nos remete a um estilo de vida com simplicidade, inteligência, respeito ao planeta e aos seres vivos, entendendo que para fazer a diferença temos que atuar como componentes desse sistema que nos cerca e que é responsável pela nossa vida na terra. Através dela, obtemos os conhecimentos necessários para o planejamento, criação e manutenção de ecossistemas simples e complexos. As palavras de ordem são evitar a poluição, o desperdício e restaurar o meio ambiente, consumindo o mínimo de energia para isso.

A permacultura é antes de nada mais um estilo de vida que nos mostra um caminho diferente ao que todos estão acostumados a seguir. O caminho do fluxo do sistema capitalista-financista em que vivemos nos leva a atuar dentro dessa bolha, que a um custo muito alto nos tira a liberdade e controle de nossas próprias vidas e nos faz seguir padrões pré-determinados, onde o consumo é a palavra chave e não existe individualidade. Somos apenas números, aparências e títulos. Nos incute sonhos que são para a maioria esmagadora impossíveis e como mágica consegue nos manter cada dia mais atrelados e trabalhando para a sua manutenção.

O caminho permacultural nos mostra que somos parte integrante e dependente dos sistemas naturais e que devemos colaborar para o seu bom funcionamento, pois sem eles não existimos. Tal como acontece no meio ambiente, as relações humanas deveriam copiar as relações de interação entre as espécies, onde cada qual tem o seu papel e trabalha na manutenção de um sistema maior. Numa sociedade permacultural, as pessoas trabalham para criar ambientes ecologicamente equilibrados de onde sai o fruto do seu sustento a partir do cultivo de alimentos e a criação de animais. Nesses ambientes são reproduzidas as relações entre plantas, indivíduos e animais tal como ocorre no meio ambiente.

Todos têm responsabilidades e as tarefas são de acordo com a capacidade de cada um. Os frutos do trabalho são de todos. As relações sociais são estimuladas através do trabalho em conjunto e as decisões são tomadas de forma participativa, fazendo as pessoas terem consciência da importância de sua contribuição para o bem estar coletivo.

A permacultura é apenas um elo de uma corrente maior, que abrange outros conceitos de reelaboração de viver, de entender e de se relacionar com o mundo e com as pessoas, que foram surgindo ao longo do tempo, se lapidando e se consorciando para juntos, serem parte de algo muito mais complexo. Aos poucos esses conceitos irão aparecendo por aqui através dos textos, pois a vida acaba nos ensinando que tudo está relacionado e interligado, fazendo parte de algo bem maior.

 

flor_permacultura_preenchida1-1024x1003

Flor da Permacultura – esquema de inter relação

Publicado em Bioconstrução, Horta, Lixo, Movimento, Mude o mundo, Novo paradigma, Permacultura, Saúde ambiental, Soluções ecológicas | Marcado com , , , , | Deixe um comentário

No calor da lenha, a cultura da comida

A origem de nossa cultura alimentar é bem diversificada. Da cultura índia à caipira, há muitas variações não só de pratos como de formas de preparos.  Mas se existe um item que é bem a “cara do brasileiro” é o fogão à lenha. A acessibilidade à bioenergia da madeira é o que fez ~e ainda faz~ este fogão ser de uso muito comum no país todo. E essa cultura não é só mineira! Os índios o chamavam de “tacuruba”, os mineiros chamam de fogão caipira. No sul a tradição é o de metal, pros paulistanos, o de tijolos.

O fogão caipira não é só um fogão, é nossa ancestralidade! E ele traz memórias e sensação de pertencimento. Muda-se o formato, o material, o tamanho, mas no âmbito rural estará lá o bom fogão à lenha. Mesmo tendo o fogão “moderno” convivendo lado a lado com a tradição.

Há aqueles que percebem a nítida diferença de sabor entre os dois tipos de cozimento. Tem quem conteste, e não identifique nada a favor do forno à lenha. Eu não discuto isso: EU SEI! Além de manter os sabores e os nutrientes da comida, pelo fato do cozimento ser mais lento e produzido por fogo energético e cheio de vida, ele também é uma unanimidade em termos de autonomia, qualidade de vida e minimalismo no existir!

Para quem quiser construir um, existem modelos disponibilizados na internet. Desde fogão + forno, ou só o forno feito de ferro cimento e de outras construções de terra, até o fogão feito com material reciclado.

Em 2001 estudantes de engenharia da faculdade de Viçosa, Minas Gerais, desenvolveram um fogão a lenha que não espalha fumaça e é de baixo consumo energético.
O projeto foi elaborado  por Ilda de Fátima Ferreira Tinoco e Marcos Oliveira de Paula, e é bem detalhado, incluindo materiais que serão usados e o tempo provável para a construção. O
projeto está aqui, em PDF: http://www.ufv.br/dea/ambiagro/arquivos/Lenha.pdf

Depois de construir o seu, me convide para um café!

Texto e postagem original no Facebook por Moni Abreu, cujo uso está sob Licença Creative Commons

Publicado em Alimentação consciente, Bioconstrução, Soluções ecológicas | Marcado com , , , , , , , , | Deixe um comentário

Adapte-se ou morra!

Desde 2007 eu achava que estava “brigando com o mundo”. Eu percebia que pensava e agia diferente demais, me sentia meio pária, meio perdida, meio sozinha. Muito estranhamento, questionamento e inadaptação. Só que em 2015 o quebra cabeça foi montado: na verdade eu vinha atuando com várias ideologias disruptivas.
Háá! Então a ‘briga’ não era com o mundo, oras! Tudo em que me empenho é PELO mundo! Um mundo mimado, egocentrado e resistente ao novo? Ok… Mas ainda assim, o MEU mundo.

Por fim descobri que não estou perdida! E muito menos sozinha, afinal ~veja só!~ tem gente ‘como eu‘ neste planeta! Sim, as mudanças já estão acontecendo aqui e ali, graças a pessoas disruptivas e persistentes como eu.

E descobri mais, quer saber? Se segura, porque o mundo está virando de ponta-cabeça! E a reviravolta vai obrigar muita gente a plantar bananeira, literalmente e/ou figurativamente! Isso porque alguns já sabem onde estão as soluções, e os outros, os persistentes, esses vão insistir em ser mais-do-mesmo. Vou avisando, ficar de cabeça para baixo para ver o mundo como era ANTES, vai cansar… as mudanças (me parecem) são sem retorno. Aceita que te doerá menos.

Só sei que ainda hoje me esforço para tentar assimilar as transformações com a mesma rapidez em que elas ocorrem. Né mole não… Mesmo depois de tantos anos, continuo buscando ‘acelerar o tempo’ para dar aquelas repaginadas que o mundo ainda demanda, usando ações e palavras. Na maioria das vezes é como falar com a parede: cega, surda e muda. O tempo de assimilação das pessoas ainda é muito lento. Mas não desisto de comunicar. Sei também que é difícil correr na velocidade do tempo atual: o das urgências. Às vezes cansa. É como participar de uma maratona em que o relógio roda 3vezes mais rápido que o normal. Mas ainda continuo com fôlego!

Pessoas que lidam com esse momento atual, que está sendo chamado de “período de transição para um novo modelo”, são chamadas de “futurologistas” ou “futurólogos”[1]. Soa bacana, né?
Quero ver como seremos vistos em 2050.

E vc? #jáseadaptouhj? #adapteseoumorra

 

Texto original de Moni Abreu.
Uso sob Licença Creative Commons


[1] Segundo o Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, o termo foi forjado em 1943 por Ossip K. Flechtheim, e logo propagado às demais línguas, pelo seu caráter internacional (hol. futurologie, ing. futurology, fr. futurologie, al. Futurologie, esp. futurología, port. it. futurologia); ocorre no Brasil no início da década de 1960; cp. futur- + -o- + -logia


 

Post do Facebook, original de 2015, qdo finalmente a percepção sobre meu papel no mundo ‘ligou no click’! (a foto é do TinyOffice de Jonas Hallberg)

 

“Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente.
A gente muda o mundo na mudança da mente.
E quando a mente muda a gente anda pra frente.
E quando a gente manda ninguém manda na gente.
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura.
Na mudança de postura a gente fica mais seguro,
na mudança do presente a gente molda o futuro!”
“Até quando?”, de Gabriel, o Pensador

Publicado em Movimento, Mude o mundo, Novo paradigma | Marcado com , , , , , , , , , , , , , , , , , , | Deixe um comentário

IX Semana de Agroecologia UFF 2016

O Mutirão de Agricultura Ecológica, junto com o coletivo Laboratório Horta na Morada, está realizando a IX Semana de Agroecologia UFF 2016 com intuito de trazer para dentro do espaço universitário o diálogo e práticas Agroecológicas.
Nessa edição o tema ”O FOCO É A RE-EXISTÊNCIA, serão apontados o papel e as ferramentas que a agroecologia promove para a construção de uma sociedade mais justa e libertária. As atividades vão pontuar junto ao contexto atual, a importância da soberania alimentar e o direito a alimentação saudável; do Pequeno Agricultor; das Comunidades Tradicionais; da luta das mulheres do Campo e dos movimentos sociais. Estão todos convidados a participar! Veja o evento no Facebook!


semana-de-agroeco-uff-mae

Publicado em Agroecologia e Afins, Alimentação consciente, Divulgação | Marcado com , , , , | Deixe um comentário

A revolução será wiki!

“Você não muda as coisas lutando contra o modelo vigente.
Para mudar algo, construa um novo modelo
que torne o modelo existente obsoleto”
Buckminster Fuller

Wiki… o que?

Conhece a Wikipedia, a enciclopédia on line surgida em 2001?
Sabia que ela não tem dono?
Bem, não um ‘dono’ no sentido tradicional, afinal ela é construída diariamente de forma colaborativa por milhões de pessoas espalhadas em centenas de países! Ela é livre e de domínio público, então não é de ninguém, e é de todo mundo! E o mais incrível, parece CAOS, mas funciona! Atingiu a façanha de ser dez vezes maior que a Encyclopedia Britannica em dez vezes menos tempo!

A ultra moderna enciclopédia cresceu a partir de um desejo em comum, a informação livre, e ganhou corpo através de milhares de ações desapegadas com relação ao tempo e ao conhecimento. Hoje ela possui uma enorme importância, e, veja bem, sua valoração não é de cunho financeiro! Foram as pessoas que fizeram a Wikipédia ser a grandiosidade que é, e isso sem precisar de estruturas tradicionais tipo hierarquia, ordenamento, comando ou qualquer outro gerenciamento vertical.

A Wikipedia, e todos os outros projetos da Fundação Wikimedia, provam que a internet é HORIZONTAL e que é capaz de promover a redução brutal de custos, aumentar o fluxo de conhecimento, recriar tudo infinitas vezes, distribuir de forma igual e chegar a muito mais pessoas com menor custo. E isso só é possível quando o que está em primeiro plano é a colaboração, o cuidado e o interesse auto movidos!

Revolução de valores

Facilitada pela tecnologia crescente e cada vez mais acessível, a internet trouxe o aumento da interação humana através da conectividade. Essa tal interconectividade, e a consequente rapidez com que espalha informações, vem quebrando barreiras e estruturas arraigadas em todas as esferas humanas. A atual forma de geração e distribuição de conhecimento está mudando o comportamento das empresas e dos consumidores, e mudando até a natureza daquilo que consideramos ‘produto’ ou ‘economia’!

E com essa mudança de paradigma estamos mexendo nas ‘chaves’. Giramos as nossas chaves mentais para uma nova consciência: do uno para o multi, do meu para o nosso. E ao começarmos a alterar nossa realidade, iniciamos também a troca da posse das “chaves do mundo”. Antes, elas ficavam escondidas em alguns bolsos, mas já estão ficando acessíveis a todas as mãos que querem ter acesso a estas chaves.

Vamos aos poucos revertendo o visível declínio que nossa civilização atingiu nos últimos séculos, pois estão sendo disparadas as múltiplas possibilidades de soluções daqueles aparentemente “grandes e insolvíveis problemas” do planeta! Estamos largando o EGO e contribuindo com o ECO!

Eco ou ego?

Sabemos que ECO vem do grego oikos = casa, e NOMIA vem de nomos = gestão. ECO juntando-se a LOGIA, que vem de logus = razão, saber, linguagem, origina o termo ecologia, o ‘conhecimento da casa’.

Se pensarmos bem, os conceitos de ecologia e economia estão transmutando, porque estão em crise. O termo ecologia popularmente sempre foi visto como algo apartadado das gentes, e a economia nunca foi mesmo “econômica” e muito menos acessível aos reles mortais. E sabe por que os dois estão dando chiliques? Simples!
Porque não é possível obter resultados melhores se repetimos sempre os mesmos vícios de mentalidade, né?!  Hááh, isso até o titio Einstein já dizia!

insanidade-eisntein

Mas quem foi que deixou os outros arrumarem e gerenciarem nossa própria casa por tanto tempo??

Pense em como é difícil para uma pessoa só manter um cafofo arrumado, quando os outros que compartilham do mesmo espaço, não tem interesse na dinâmica organizacional como um todo? Enquanto um tenta arrumar, os outros jogam coisas no chão, não ajudam na varrição, não sabe encontrar ou guardar nada, e pior, não tem noção do custo e do trabalho que dá manter tudo nos eixos! Joga-se o peso da responsabilidade nas costas de um só e depois haja reclamação de que está tudo sujo e bagunçado, e ainda exige-se o direito de ver tudo lindo e cheiroso… Entendeu a analogia?

Sim, a CASA é nossa, tomemos a chave de volta e vamos arrumar tudo no lugar!
Nada de preguiça e chega de bagunça! Ai, ai, ai!

egosistema-ecosistema

Vamos virar a chave?

 

Wiki… o que mesmo?

Foi então que surgiu a WIKINOMIA, junção da palavra economia + wiki (rapidez, multiplicidade).  A wikinomia é a economia baseada na troca de informações de forma aberta e sem comando ou origem, que gera participação espontânea, compartilhamento tipo ganha-ganha, interesse coletivo e cuidado mútuo! E ela veio mudar esse padrão de concentração e centralização, pois já percebemos a ineficiência e as restrições desse atual sistema gerenciado de CIMA para BAIXO, onde há controle e manipulação de tudo e de todos.

Nessa nova economia (que completou 10 anos!), os recursos podem ser abundantes, pois é através de interações humanas que se criam redes, que geram colaboração, que promove criatividade, que produz mais recursos e… tudo se multiplica! Essa nova proposta, modelo ou paradigma é antes de tudo uma revolução na forma como nos relacionamos, conosco e com o mundo.  Agora, na wikinomia, nós mesmos gerenciamos os NOSSOS recursos, sejam eles financeiros, humanos, culturais, ambientais, etc. Agora buscamos uma economia que esteja ao lado da vida, e não uma economia que suga a vida! E assim aprenderemos a cuidar de nós mesmos e da nossa casa!

Choque de gerações

wikinomia-image-1O único sistema que está resistindo a todas estas revoluções do nosso tempo, sabe qual é? Justamente o setor financeiro. A noção de “concentração = poder” ainda é muito forte no segmento.
Só que eles esqueceram-se de dois pequenos detalhes: dinheiro é um valor atribuído, e nós somos aqueles que mudam o MUNDO!

 


 

Artigo original de Moni Abreu sob Licença da Creative Commons

Publicado também no Jornal Ou Seja e no Medium

Publicado em Mude o mundo, Novo paradigma | Marcado com , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , | 5 Comentários

Aprendendo 7 lições vindas da Crise de 29

Aos que seguem o Novos Urbanos: o blog A Sobrevivencialista aguarda sua visita!
O novo artigo “Aprendendo 7 lições vindas da Crise de 29” não é só para sobrevivencialistas, mas para tod@S!
Inté!
Moni Abreu

A Sobrevivencialista

“Aquele que não recorda o passado
está condenado a repetí-lo.”
George Santayana

A quebra da bolsa de valores em Wall Street, EUA, foi o ápice de um momento histórico de muitas dificuldades sócio econômicas. A Crise de 1929 na verdade iniciou-se nos primórdios da década de 20, estourou com a derrocada da bolsa e perdurou por todo o período dos anos 30. O dinheiro virou pó do dia para a noite, pois estava todo aplicado em ações que subitamente caíram e/ou guardado em bancos que se quebraram. Sem o dinheiro circulante, ocorreram muitas falências e um alto índice de desemprego, o que levou as pessoas a ficarem sem comida, sem abrigo e sem dignidade humana. Os livros de história não contam que a depressão não foi somente econômica… muitas VIDAS foram atingidas durante mais de 20 anos de penúria!

E o que se nota hoje é que todos estavam desatentos para…

Ver o post original 1.770 mais palavras

Publicado em Novo paradigma, Reblogado | Marcado com , , , , , | Deixe um comentário